"A partir do momento em que passei a me sentir autora, nunca mais pude me ver como outra pessoa. Fui incapaz me desvencilhar do título, e por este motivo não pude perceber que as pessoas me enxergavam a partir de outro título.
Ao sugerir uma pauta sobre a participação dos jovens na produção de literatura nacional para a rádio do governo, fui convidada para dar uma entrevista e entregar um exemplar do meu livro para sorteio. Aceitei, fui entrevistada às pressas por 3 minutos e alguns quebrados, numa ligação repentina. Não foi minha primeira entrevista em rádio, sem contar meu conhecimento em radiojornalismo que adquiri na faculdade, e ainda sim recebo um e-mail da jornalista que me entrevistou dizendo que minha voz era infantil e não passava credibilidade.
Pela pauta de perguntas, ela não leu meu livro ou algum trabalho meu. E julgou meu talento e trabalho pelo único contato que tivemos: o sonoro. Também, não foi muito atenta a minha sugestão, pois eu sou uma jovem, escrevendo para jovens, e tentando chamar a atenção para eles. Para o talento promissor deles!
Eu tenho dezenove anos, e sim, tenho a voz infantil. Mas já escrevi tantas histórias, já vivi tantas histórias, já fui personagens, já fui contadora dessas histórias, e tornei-me velha por dentro. Gosto do cheiro, e da aparência das pessoas idosas. Compro roupas vintages. Porque eu sou velha por dentro. Porque meu talento está maduro por dentro.
Estou preparada para críticas, a vida acaba nos preparando no inconsciente. Mas critique meu trabalho, minha falta de experiência, minhas falhas. Mas não me critique porque sou jovem.
É nessas horas que temos que reconhecer o trabalho de editoras como a Modo Editora, no qual a idade nunca foi motivo de falta de credibilidade. É por causa dessa editora que me sinto autora. Eu nunca fui jovem aos olhos dessa empresa para ter meu livro nas livrarias, para enfrentar o mercado de trabalho, para ser responsável por mim e pela minha obra. Sim, eu sou jovem. Aquela jornalista que me entrevistou foi um dia jovem. E os personagens do meu livro serão para sempre jovens. Porém, eu entendo a minha juventude como uma forma de crescer e amadurecer dentro de livros, eternizando cada idade e pedaço meu. Eternizando meus dezenove anos
."
Thayane Gaspar

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One Response so far.

  1. Oi Thayane :)
    Críticas sempre existirão, mas precisamos estar preparadas de corpo e alma para esses momentos. Nunca se esqueça de quem você é e de como você foi forjada pra ocupar o lugar em que você está ;)
    Seja sempre você! E que venham as críticas, isso só mostra que você está sendo lembrada :)
    Beijos, bom final de semana =*

    @morenalilica
    Doce Insensatez

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